Afinal enganei-me, começando hoje a ganhar forma um desejo de menina: fazer voluntariado.
Hoje, pouco depois de ter publicado o post anterior, recebi a chamada de um elemento da bolsa de voluntariado da cidade onde estudo; e, ao início da tarde, lá fui eu para entrevista. Contrariamente ao que imaginava, a bolsa de voluntariado desta cidade conta com mais de mil inscritos e, aproximadamente, cinquenta instituições disponíveis para os recebe-los. Jamais conseguiria calcular que existissem tantas instituições dispostas a receber voluntários, nem tantas pessoas interessadas em dispensar o seu tempo em prol dos outros.
Quando era miúda, achava piada ao facto de a maioria (se não, todos) dos bombeiros da minha vila, no Minho (sou estudante de fora, como costumo dizer visto que esta não é a minha cidade nem a minha terra) serem voluntários e queria ser como eles. Em tempos, enquanto estudante do ensino secundário, eu e uma amiga estivemos prestes a inscrever-nos bombeiros voluntários da cidade. Mas, por sermos dos arredores e serem escassos os transportes, ambas trabalharmos no verão e ter-mos entrado em pânico com a ideia sermos obrigadas a andar no meio dos acidentes de trânsito, entre feridos, sangues e mortos (ainda hoje, não sabemos se esta ideia era infundada ou não) acabamos por desistir da ideia. Na verdade, se hoje tenho este bichinho do voluntariado dentro de mim, devo-o aos bombeiros voluntários - que sempre exerceram um poder enorme de atracção e de orgulho, de louvor e respeito pelos trabalhos heróicos que realizam.
Durante a licenciatura, mantive o desejo de fazer voluntariado mas, o receio de não conseguir conciliar ambas as coisas, fez-me perder o ânimo. O facto de, nos últimos dias, me sentir sozinha e esquecida e o excesso de tempo livre que o mestrado me permiti, fez-me reavivar aquele bichinho que ficou. Apesar de fazer voluntariado numa instituição da minha área de formação, a verdade é que não me sinto realizada nem o consigo olhar como um voluntariado, mas sim como um passatempo e forma de conhecer a área em que me licenciei.
Dentro em breve, serei novamente contactada para confirmar se quero mesmo fazer voluntariado junto de crianças doentes. Apesar da vontade ser grande, o medo de olhar para aqueles meninos e meninas doentes é, inevitavelmente, maior - sobretudo, porque se trata de um compromisso de um ano... porque, se há coisa que mais me revolte é o sofrimento destas pequenas crianças.
Lanço a pergunta, ao qual gostava de obter testemunhos:
Alguém já fez voluntariado com crinças internadas?